Um beijo é apenas um beijo



Como um beijo entre duas jovens, uma com dezanove anos e a outra com dezassete, se torna numa grande declaração política. Como se medem os actos a as palavras: adolescência, província, inocência, experiência. Como uma carícia de corredor se transforma em editorial jornalístico; o beijo em acto nacional.
Vejamos a relevância do beijo: quem faz o quê com quem. O significado colectivo daquilo que fazemos, com quem o fazemos e porquê. E como perdemos destas duas jovens o sentido daquilo que são, se estão bem, se são felizes, se sentem estar a fazer as escolhas acertadas para as suas vidas. E se conseguimos sequer vislumbrar que, para lá de tudo, ninguém tem nada a ver com isso.
Esconda-se o beijo. Somos os filhos deste desgostar; um país onde não se gosta das pessoas. Para a polícia do beijo não interessam as jovens mas o acto e o seu significado. O gesto mede-se, julga-se e condena-se. Denunciam-se os filhos aos pais.
Mas o amor, nas suas diversas formas, é um bem precioso. No país do desamor entre as pessoas, talvez seja mesmo dos poucos lugares onde se podem encontrar forças para crescer. Solte-se o beijo, então...

4 comentários:

  1. mais uma vez os meus parabéns...
    denunciar o amor, porque, felizmente, é perigoso
    será que os diligentes e corajosos funcionários, também denunciam os comportamentos "odiosos" dos estudantes? ou vamos ver carros a arder nos subúrbios de gaia...

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  2. as coisas que se passam neste pequeno país à beira mar plantado...
    denuncia-se um beijo, mas já não se denuncia um marido que maltrata a mulher porque "entre marido e mulher não se mete a colher"! e depois há mulheres acorrentadas nuas no norte do país durante vários dias sem comer...
    vá-se lá entender esta gente!

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  3. o comentário anterior é meu. por lapso não o identifiquei.

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