O Lugar dos Ricos e dos Pobres no Cinema e na Arquitectura em Portugal



Decorre na Cinemateca o ciclo “O Lugar dos Ricos e dos Pobres no Cinema e na Arquitectura em Portugal”. O evento vai estender-se até Março de 2008 e conta com a colaboração do Núcleo de Cinema da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa.
A próxima sessão é já esta Sexta-Feira, 21 de Dezembro às 21:30, com a exibição do filme Peixe Lua de José Álvaro Morais, seguido de debate que contará com as presenças de Luís Miguel Cintra e do Arq. João Luís Carrilho da Graça.

O LUGAR DOS RICOS E DOS POBRES NO CINEMA E NA ARQUITECTURA EM PORTUGAL
de Outubro de 2007 a Março de 2008
Em colaboração com o Núcleo de Cinema da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa

Desde sempre no Cinema, como no mundo - nos quartos, nas casas e nas cidades -, os ricos e os pobres tiveram os seus lugares, mais ou menos nítidos: da fábrica de onde saem os operários dos irmãos Lumière ao Xanadu do CITIZEN KANE; dos "lugares de miséria atrás de magníficos edifícios" dos olvidados de Buñuel à Paris dos burgueses discretamente encantadores; da vila dos pescadores de LA TERRA TREMA às villas das condessas, reis e príncipes de Visconti; dos albergues dos pobres de Preston Sturges aos hotéis de luxo de Lubitsch; dos borgate dos sub-proletários de Pasolini aos subúrbios das famílias remediadas de Ozu; das ruas da vergonha de Mizoguchi aos becos e ruelas do ANJO AZUL; da casa da mãe siciliana de Huillet e Straub à Versalhes do Rei Sol de Rossellini; das roulottes dos lusty men de Nicholas Ray à FAT CITY de John Huston; do quarto alugado da rapariga da mala de Zurlini ao palácio dos seus amantes; dos lugares dos criados e dos senhores de Jean Renoir a todos os lugares de Chaplin...
Qual tem sido, em Portugal, o lugar dos ricos e dos pobres no Cinema? Qual vai sendo o lugar dos ricos e dos pobres na Arquitectura? Como é que o Cinema pensa e olha essa Arquitectura? Pode a Arquitectura pensar e construir-se também a partir desse Cinema?
Foram estas questões que levaram o Núcleo de Cinema da Faculdade de Arquitectura da U.T.L. a propor à Cinemateca Portuguesa a realização de um Ciclo de doze filmes, a exibir quinzenalmente entre Outubro de 2007 e Março de 2008. Escolhidos pelo Núcleo, estes são alguns dos filmes mais marcantes que se fizeram em Portugal nos últimos cinquenta anos e, ao mesmo tempo, filmes em que este assunto se encontra reflectido de forma sempre preponderante: dos VERDES ANOS, de Paulo Rocha, à JUVENTUDE EM MARCHA, de Pedro Costa, do BELARMINO, de Fernando Lopes, às RECORDAÇÕES DA CASA AMARELA, de João César Monteiro, dos TEMPOS DIFÍCEIS, de João Botelho, ao PEIXE LUA, de José Álvaro Morais, dos BRANDOS COSTUMES, de Seixas Santos, ao AGOSTO, de Jorge Silva Melo, de UMA RAPARIGA NO VERÃO, de Vitor Gonçalves, a TRÁS-OS-MONTES, de António Reis e Margarida Cordeiro, de LONGE DA VISTA, de João Mário Grilo a O PASSADO E O PRESENTE , de Manoel de Oliveira. E, para continuar o que este Núcleo procura fazer desde que surgiu, em 2005, – aprofundar as relações entre o Cinema e a Arquitectura – o realizador de cada filme, sempre que possível, estará presente no fim de cada sessão para conversar com o público e com um arquitecto convidado, cujo trabalho, reconhecido, tenha passado também, e hoje muito nitidamente – como sempre? –, por pensar e projectar os lugares dos ricos e dos pobres em Portugal.

José Neves, Arq.
Coordenador do Núcleo de Cinema da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa

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