Estamos a roubar os nossos filhos



Acabadinho de escrever o post anterior descubro, via Core77, esta recentíssima apresentação de Juan Enriquez no Pop! Tech. É uma exposição impressionante sobre as circunstâncias que envolvem a crise actual, analisadas em grande detalhe. O vídeo é longo mas obrigatório, a justificar toda a divulgação possível.

¶ English
We’re stealing our kids
As I just finished the latest post I find out, via Core77, this recent presentation by Juan Enriquez on Pop! Tech. It is a mandatory analysis of the circumstances that surround the current economic crisis, viewed in enormous detail. The video is long but absolutely essential.


# / English Edition

A crise explicada às crianças (e não só)

How To Explain The 2008 US Financial Crisis To Your Kids (And Most Adults): um pequeno video animado produzido pela firma Say It Visually! dá a conhecer os motivos da actual crise financeira, apresentada graficamente e em termos muito simples. A animação é pouco elaborada mas vale pela eficácia da mensagem.

Um pouco mais a sério, recomendo a leitura do artigo What about austerity?, publicado no Boston.com. O texto tem co-autoria de Juan Enriquez, ensaísta reputado no campo da economia e da ciência, mais conhecido pelas suas apresentações regulares no TED.

O artigo levanta uma questão curiosa: que na torrente de opiniões em torno das medidas de resgate financeiro por parte dos Estados parece existir uma palavra que desapareceu – austeridade.
A tese dominante parece sustentar que só gastando mais dinheiro se poderá sanar a crise proveniente do sistema de crédito. Enriquez não afirma que tais medidas não sejam necessárias, mas ressalva que na falta de medidas de austeridade da parte de países deficitários – que gastam mais do que produzem – tais políticas podem não passar de um adiamento da crise.

Para terminar recomendo vivamente a visualização das duas apresentações de Juan Enriquez no TEDTalks. Apesar da especificidade dos temas, a sua habilidade para expor conceitos abrangentes é admirável. Na palestra Decoding the future with genomics refere um dado interessante. Numa civilização agrícola a diferença entre os mais ricos e os mais pobres era de 5 para 1. Ou seja, que a escala de variação de produtividade – em função da capacidade tecnológica, de maiores jornadas de trabalho ou maior sucesso nas colheitas – se repercutia num incremento máximo de 5 vezes. Hoje, a diferença relativa entre os países mais e menos produtivos do mundo é de 427 para 1. Ou seja, o enquadramento económico de hoje, baseado no conhecimento, alterou as regras do jogo da competitividade. A segunda apresentação, Why can't we grow new energy?, aprofunda ainda mais esta correlação entre desenvolvimento tecnológico e capacidade produtiva. Vale a pena reflectir sobre isto questionando alguns dos paradigmas com que por vezes se discute entre nós a questão da competitividade. Perante tão amplos diferenciais de produtividade o sucesso dificilmente estará à distância de pequenos artifícios de flexibilidade laboral; antes dependerá da nossa capacidade em revolucionar os padrões de conhecimento e inovação, e a consequência das instituições académicas sobre a actividade económica real.

¶ English
How to explain the financial crisis to your kids
How To Explain The 2008 US Financial Crisis To Your Kids (And Most Adults): a small animated video produced by Say It Visually! presents an explanation on the reasons behind the current financial crisis in very simple terms. The animation is not very elaborate but the message is surprisingly effective.
For something related, I recommend the article What about austerity? published on Boston.com, co-authored by Juan Enriquez, a distinguished thinker in the field of economics and science, also known for his presentations on TED.
His article raises a curious question: that in the stream of opinions regarding the current financial bailout there is one word notably missing: austerity. The dominant thesis seems to be that only spending more money can we prevent a full-blown crisis that, we should notice, was originated in the credit system. Enriquez isn’t saying that such measures aren’t necessary, but he points out that for deficitary nations, these policies may simply be a postponement of the real crisis.
I also recommend watching the two presentations delivered by Juan Enriquez on TEDTalks. Although the subjects are quite specific, his ability to expose universal concepts is truly admirable. In Decoding the future with genomics he presents an interesting fact. In an agricultural society, the difference between the richest and the poorest was 5 to 1. Which means that in such a productivity range - regarding technological capacity and more intensive labour – a successful production would amount to an increase up to 5 times. Today, the differential between more and less productive nations is of 427 to 1. Meaning that in our contemporary economic system, which is based on knowledge, the rules of competitiveness have radically changed.
His second presentation, Why can't we grow new energy?, deepens this relationship between technological development and productive capacity. So today, achieving competitiveness doesn’t rely only on labour flexibility, but depends on our capacity to revolutionize knowledge and innovation patterns. Meaning that a more consequent impact from academic institutions over the real economy is absolutely crucial.


# / English Edition

Plano B: Casa em Arruda dos Vinhos



Como transformar as contingências de um restritivo programa de projecto numa oportunidade para criar novas soluções de arquitectura? Foi esse o desafio que enfrentaram os arquitectos do atelier Plano B ao projectarem esta pequena casa na região de Arruda dos Vinhos. Situada em terrenos de reserva ecológica, esta habitação estava condicionada a observar uma área de implantação de 60m2 definidos pelo perímetro de uma antiga edificação em ruínas. A nova casa deveria respeitar os limites de ocupação, altura e número de pisos do anterior edifício.
Na sua abordagem, estes arquitectos resolveram subverter essas condicionantes e levar ainda mais longe o programa de intervenção fazendo uso dos mesmos materiais da velha estrutura naquela que agora se iria realizar – a pedra, a argamassa de terra, a madeira – agora reordenados para dar origem a um novo sistema construtivo. Tratou-se assim de transpor as restrições presentes, tornando-as no motor criativo de uma nova arquitectura.


Esquissos


Planimetria


Sistema construtivo

Esta casa começa assim por ser um ensaio de justaposição de materiais com vista a criar um novo corpo – com um sentido de investigação que poderíamos reportar a outras práticas contemporâneas, com destaque recente para a Wall House, por exemplo.
Também aqui se procurou construir uma nova pele composta aliando soluções tradicionais a materiais de produção contemporânea. O resultado é surpreendente, tanto mais que consegue reconciliar a eficácia das suas qualidades construtivas à dimensão estética da expressão material.






A madeira anteriormente utilizada na cobertura foi agora aplicada na nova estrutura de vigamento interno. A terra que argamassava a alvenaria de pedra foi aproveitada para o enchimento das paredes de tabique, e a própria pedra serviu para as fundações da casa e da plataforma exterior em que esta assenta.



Secção de parede e vista exterior

Para além destes materiais foram utilizadas placas de cortiça para o revestimento, rematadas por chapas de policarbonato alveolar, garantindo tanto um eficaz isolamento térmico como uma ventilação do plano de fachada.






Ao assumir o uso de materiais industriais – asfalto, betão, policarbonato – em associação com materiais naturais – a madeira, a terra e a pedra – a Casa de Arruda dos Vinhos é um exemplo de investigação que se confronta com a questão da sustentabilidade, indo além do mero formalismo de alguma arquitectura “verde” para assumir a dimensão crítica do projecto enquanto espaço de reflexão sobre as suas qualidades expressivas. Exemplo tão mais notável por se desenvolver num contexto envolto de contingências programáticas, a demonstrar que as maiores limitações podem encerrar o potencial para as soluções mais surpreendentes e inovadoras.

No blog Casa em Arruda dos Vinhos: Diário de Obra pode ser visto todo o processo de construção de forma mais detalhada, com muitas imagens das várias fases de trabalho.

¶ English
Plano B: House in Arruda dos Vinhos
Overcoming the contingencies of a restrictive architectural program to create innovative solutions – such was the challenge faced by Lisbon-based architects Plano B, as they set to design this small house in the region of Arruda dos Vinhos, in Portugal. Located in an area of ecological reserve, the new house would be defined by the perimeter of an ancient building in ruins – maintaining the limits of the previous occupation regarding height and area.
The programmatic approach determined the subversion of these limitations by taking them even further. The new project would use the pre-existing materials found in the ruined structure as the basic components of a new constructive system. The present restrictions would therefore become the creative engine for a new architecture.
The house began as an exercise on juxtaposed materials to originate a new body – an architectural investigation somewhat similar to other contemporary projects such as the Wall House. Here we find an analogous interest on the development of a complex building skin, integrating traditional construction methods with contemporary materials.
The wood found on the previous building was applied in the structural framing of the house. The stone of the ancient walls was also utilized on its new foundations. In addition to these materials, cork boards were applied to create an external skin, supported by polycarbonate plates to ensure an effective insulation and ventilation of the façade.
By assuming the use of industrial materials - asphalt, concrete, polycarbonate - in combination with natural materials - wood, earth and stone – this house is an interesting example of sustainable practice, maintaining a critical approach towards the project as an area for reflection on the expressive qualities of architecture.


Architecture: Plano B.
References: Judit Bellostes: de madera y adobe, house in Arruda dos Vinhos, Casa em Arruda dos Vinhos: Diário de Obra (blog).

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Berlim: Reconstrução Crítica



O Seminário Internacional de Arquitectura Berlim: Reconstrução Crítica tem lugar no auditório de Serralves, Porto, a 8 de Novembro. As inscrições estão abertas até dia 3. O evento faz-se acompanhar de um Ciclo de Cinema a decorrer entre os dias 4 e 6 de Novembro, sempre às 21h30 no Cinema Passos Manuel.
Visitem o sítio web oficial e o blog do evento para mais detalhes e acesso ao formulário de inscrição.

Últimas Reportagens



O sítio web Últimas Reportagens acaba de dar a conhecer 60 novos trabalhos fotográficos de Fernando Guerra. Entre os muitos projectos de arquitectura que agora se publicam contam-se obras de Álvaro Siza, Zaha Hadid, Carrilho da Graça, Ricardo Bak Gordon, Paulo David, Aires Mateus, Manuel Graça Dias, ARX Portugal, António Belém Lima, Frederico Valsassina, Cândido Chuva Gomes, Carlos Castanheira e Pedro Gadanho, entre muitos outros.

¶ English
Últimas Reportagens
Últimas Reportagens is the most comprehensive online image library of contemporary Portuguese architecture. The website, maintained by the architectural photographer Fernando Guerra, has just been updated and is now featuring 60 new galleries including a special report of Zaha Hadid’s Zaragoza Bridge Pavilion. Portuguese projects include previously unseen works from Álvaro Siza, Carrilho da Graça, Ricardo Bak Gordon, Paulo David, Aires Mateus, Manuel Graça Dias, ARX Portugal, António Belém Lima, Frederico Valsassina, Cândido Chuva Gomes, Carlos Castanheira and Pedro Gadanho, among many others.


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Kaputt!: Casa dos Sarilhos Grandes




Kaputt! é um colectivo de oito jovens arquitectos que colaboram desde 2004. Nestes poucos anos de actividade têm vindo a conquistar uma merecida notoriedade, destacando-se o prémio de menção honrosa no competitivo concurso internacional organizado pelo Grupo Carlsberg para a intervenção urbana de larga escala nos terrenos da firma nos arredores de Copenhaga. Mais recentemente foram responsáveis pelo design da Torre Reciclarte, uma instalação para suporte de graffitis construída no âmbito do Festival Oeiras Alive 2007.
É desta equipa que nos chegam agora imagens de um novo projecto já em construção, a Casa dos Sarilhos Grandes, uma habitação unifamiliar situada na sugestiva localidade de Sarilhos, no Montijo. O desenho da casa tem por ponto de partida a separação programática em dois corpos de formas bem distintas. São duas unidades autónomas que fazem diferenciar as áreas sociais das áreas privativas de residência, assumindo essa distinção na volumetria interior – entre a compartimentação mais rigorosa da ala de quartos e a modelação livre dos espaços de convivência colectiva. O contraste de ambientes revela-se também na expressão exterior daqueles volumes, cuja definição se estende no perímetro murado que envolve a área de jardim.





Diferenças de altimetria articulam o espaço social que se abre para o exterior, filtrando a relação visual com o resto da casa. O arranjo funcional é simples, térreo, o volume social desenhado para a vida comunitária da família e a unidade privada para os quartos de dormir. O jardim oferece um espaço exterior íntimo e uma mais generosa entrada de luz natural.




O muro assume-se como parte da arquitectura da casa, tanto pela definição do território que lhe é próximo como pela permeabilidade visual que estabelece com o terreno envolvente. O contexto exterior – um bosque de árvores de fruto e sebes de louro – torna-se assim parte integrante da sua atmosfera.

¶ English
Kaputt!: Single-family house
Kaputt! was founded in 2004 as a platform for the collaborative work of eight young architects. They have earned some notoriety as they were acknowledged with an honorable mention in the international competition organized by the Carlsberg Group, for the large-scale urban development of the company’s property in the outskirts of Copenhagen.
I am proud to present you one of their latest projects: a single family house located in the village of Sarilhos Grandes, in Montijo, Portugal. The house plan is determined from the programmatic separation of two distinct bodies; two autonomous units that differentiate the social and private areas of the residence. This distinction is exposed both on its internal organization and on the external expression of the architectural volumetry, whose definition is extended by the walled perimeter that encircles the garden area.
The functional setting is simple. The social volume is more organic, designed for the communitarian family life, in sharp contrast with the private wing. The garden offers an intimate external space and a generous entrance of natural light.
The garden wall is also assumed as part of the architecture of the house, as it suggests a filtered visual connection with the external territory, its trees and hedges becoming a part of its enveloping atmosphere.




Architecture: Kaputt!
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Where: o lado urbano da economia


Image via GEAB.

O blog americano Where, criado por Brendan Crain, acaba de tornar-se uma plataforma colectiva com a colaboração de Danny Ahkiam, Mario Ballesteros, Marc Couillais, William Fong, Lisa Hodges, Josh S. Jackson, Dan Lorentz, Katia Savchuk, James Shephard e Peter Sigrist. Nos últimos dias têm publicado uma série de artigos focados na dimensão urbana da actual crise económica.
Um texto recente, intitulado Spain, what have you done?, faz uma reflexão sobre a situação particular do nosso país vizinho no momento de crise que atravessa, centrada sobre o sector imobiliário. São circunstâncias que têm algum paralelo com a realidade nacional, sabendo-se que o nosso mercado da construção se desenvolveu sobre os mesmos moldes de expansão urbanística e disponibilidade de crédito fácil para a aquisição de habitação por parte de particulares.
O caso espanhol tem contornos de catástrofe, com uma desvalorização do preço do mercado habitacional de até 50% durante o ano de 2007. As consequências deste colapso tiveram efeitos desastrosos sobre a indústria da construção e a economia estatal, sentidas com mais gravidade no ano que está a decorrer. A insolvência prática do sector alia-se agora à crise financeira que varre os mercados mundiais, com a Espanha a enfrentar um cenário de recessão e as consequências de uma grave crise social e económica.

¶ English
Where: the urban side of the economy
American blog Where, created by Brendan Crain, has just become a collective platform, with the participations of Danny Ahkiam, Mario Ballesteros, Marc Couillais, William Fong, Lisa Hodges, Josh S. Jackson, Dan Lorentz, Katia Savchuk, James Shephard and Peter Sigrist. On the last few days they’ve been publishing a series of articles focused on the urban dimension of the current economic crisis.
A recent text, titled Spain, what have you done?, reflects upon the country’s specific situation and the dramatic moment that’s being faced by the real-estate sector. A situation that reveals the dangerous consequences of urban expansion policies combined with easy available credit directed to the purchase of housing by private citizens. Spain witnessed the steep devaluation of its housing market, up to 50% during the past year. The consequences of this phenomenon are now being revealed by a stagnant construction sector and a receding state economy.


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Exposição de Arquitectura 10A




Do Porto chega-nos a notícia de uma exposição que reúne diversos projectos dos arquitectos Paulo Costa, José Carlos Oliveira e Jorge Vieira, a decorrer nas instalações da Fundação da Juventude na Rua das Flores. Esta exibição conjunta celebra 10 anos de trabalho colaborativo destes jovens arquitectos e estará aberta até à próxima 2ª feira, dia 20 (sábado incluído).

O dever da verdade

Já recomendei aqui a leitura do livro de Medina Carreira, O Dever da Verdade. Podemos agora vê-lo com total desassombro, entrevistado por Mário Crespo, a expor a inevitabilidade dos números que, como dizia um comentador do blog, não têm emoções nem ideologias. Relembra-nos que, no período dos últimos 27 anos, em 17 o crescimento nacional foi de 1%. Isto num país depositário de fundos estruturais da UE no valor de 48 mil milhões de euros durante as últimas duas décadas. É um facto económico que se traduz na insustentabilidade a prazo do nosso sistema social. Podemos não querer vê-lo. Mas iremos por certo vivê-lo. A entrevista pode ser visualizada em três partes: 1 / 2 / 3.

Adenda: a entrevista com Medina Carreira pode ser vista na íntegra no site da SIC Notícias, aqui.

Intensidez Bibliocafé




Abriu recentemente uma livraria bem perto da minha casa. Só que não é apenas uma livraria, é como que uma cafetaria amigável com livros e música, um sítio para ler, conversar ou beber um café bem saboroso. Se estão a planear um passeio a esta bela cidade de Évora, o Intensidez é o lugar ideal para fazer uma pequena paragem. Eles têm a melhor selecção de livros, quanto a isso não há discussão. E eu sou um grande fã daquele fantástico pequeno-almoço continental. Para mais, eles têm sempre uma selecção deliciosa de doces e sobremesas. Hmm, desculpem, eu devia estar a falar de livros, mas tenho tendência para a gulodice caso não se tenham apercebido pelo título do blog. Se houvesse justiça neste mundo eu era o homem mais gordo à face da terra. Mas lá estou eu outra vez a divagar.
Como eu dizia, o Intensidez está a organizar uma série de pequenas palestras durante os meses de Outubro e Novembro, a ter lugar nas sextas-feiras às dez da noite. Podem visitar o blog para mais detalhes e outras informações sobre esta bela livraria. Com alguma sorte poderão até encontrar-me por lá. Eu devo ser aquele sentado atrás de uma enorme fatia de cheesecake.

¶ English
Intensidez Bookstore
A new bookstore has opened just a few steps from my doorway. Only it’s not just a bookstore, it’s like a friendly cafeteria with books and music, a place to read, hang out or just drink a warm cup of coffee. If you’re planning to visit the beautiful city of Évora, Intensidez is just the perfect place to visit. They have the best selection of books around, no questioning that. And I’m a big fan of their huge continental breakfast, which is so hard to find in this southern country of mine. And they always seem to have the nicest sweets and desserts. Hmm, sorry, I should be talking about books here, but I’m a bit gluttonous in case you haven’t figured that out by the title of this blog. If there was any justice in this world I’d be the fattest man around. But here I am rambling again…
So, as I was saying, Intensidez is organizing a series of lectures during October and November, open talks with authors and thinkers, taking place Friday nights at 10 pm. Check their blog for details and other info on this sweet little bookshop. You may even find me there if you’re lucky. I’ll be the guy standing behind the big slice of cheesecake.


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Projectos portugueses entre os International Architecture Awards



Os International Architecture Awards são uma iniciativa organizada pelo museu The Chicago Ateneum em associação com o European Centre for Architecture Art Design and Urban Studies. A edição deste ano nomeou 114 obras espalhadas pelo mundo, em reconhecimento de soluções arquitectónicas inovadoras em áreas tão diversas como equipamentos cívicos e institucionais, edifícios corporativos e de promoção privada, estruturas industriais e projectos de planeamento urbano. Entre os Premiados de 2008 encontram-se quatro obras de arquitectos portugueses: a Casa Martinhal (ARX Portugal); a Torre do Burgo (Eduardo Souto Moura); o Fluviário de Mora (Promontório) e a Casa no Gerês (Graça Correia e Roberto Ragazzi).

¶ English


ARX Portugal: Martinhal House.



Eduardo Souto Moura: Burgo Office Tower.



Promontório: Mora River Aquarium.



Correia Ragazzi: House in Gerês.

Portuguese architects at the International Architecture Awards
The International Architecture Awards is a global awards program endorsed by The Chicago Ateneum and The European Centre for Architecture Art Design and Urban Studies. This year’s edition features 114 works from around the world, in recognition of innovative architectural design solutions ranging from civic facilities, private and corporate buildings, industrial structures and urban planning projects. I’m happy to highlight the four Portuguese participations among the 2008 Award Winners.


Image credits: Fernando Guerra.

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A grande obra pública

Em Setembro de 2006 um grupo de figuras de relevo da classe empresarial portuguesa organizou a segunda edição da convenção Compromisso Portugal. No documento de balanço oficial do evento, o gestor de empresas António Carrapatoso avançou um diagnóstico das diversas circunstâncias que vêm debilitando a nossa economia. Referenciou, entre outros aspectos, o seguinte:

(…) existe um poder desproporcionado de determinadas corporações, e de outros grupos de interesse, também económicos, sobre o Estado (e administração pública), que se apropriaram deste em detrimento do interesse de todos, e que resistem a alterações que coloquem em causa os privilégios de que actualmente dispõem.

Poucas áreas da política governativa serão tão reveladoras deste dramático fenómeno como o sector das obras públicas. Ao longo das últimas décadas, a construção estatal tem sido uma das principais apostas de investimento de fundos públicos sobre a economia privada. Entendida como uma actividade financeiramente distributiva, tem persistido a convicção de que a construção é uma importante alavanca da restante economia, com efeitos sobre o sector produtivo que lhe está directamente afecto, sobre o emprego e também, indirectamente, sobre o consumo.

Será uma evidência afirmar que o volume financeiro do sector das obras públicas o torna campo apetecível ao tecido empresarial. Num país em que a actividade económica vive fortemente aliada ao investimento público, o aparecimento de grupos de interesse com elevada influência política revelou-se inevitável.
Pior: a capacidade de influência sobre a decisão governativa por parte de grupos da construção, da banca e de áreas sectoriais directamente envolvidas, tem-se revelado fatal para a racionalidade que devia estar subjacente ao investimento de interesse público. O caso do Euro2004, com a construção ou renovação de dez estádios de Futebol, será porventura o exemplo mais lamentável, mas não o único, desta realidade. Para algumas autarquias directamente envolvidas, a participação no Euro significou uma genuína hipoteca da capacidade de investimento de décadas, com os municípios hoje entregues a pesados prejuízos e um quase ausente retorno financeiro.

A dramática situação económica que Portugal tem vindo a enfrentar no domínio da despesa pública está a tornar a sociedade civil adversa a este tipo de estratégia política. Poucos aceitarão hoje que o Estado invista em eventos de natureza semelhante, na área desportiva ou mesmo cultural. E por isso o sector das obras públicas se deslocou quase exclusivamente para o campo da grande infra-estrutura, onde as alegações de “interesse estruturante” serão mais fáceis de fundamentar.
Mas mesmo aí, como demonstra o debate em torno do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) e do Transporte de Alta Velocidade (TGV), as dúvidas quanto à sua efectiva legitimidade na base de uma análise custo-benefício têm sido maiores do que as certezas. A leviandade presente no discurso político-mediático que sustenta a valia destas e de outras iniciativas não tem feito mais que exacerbar o já acentuado cinismo existente entre cidadãos e classe política.
[Quanto ao NAL importa questionar, por exemplo, se as expectativas de crescimento que sustentam a caducidade do Aeroporto da Portela estão a ser revistas à luz das novas previsões para o preço dos combustíveis, já com prejuízos visíveis no sector da aviação nacional e internacional, e agora também perante o cenário de uma iminente crise económica.]

Por todas estas razões, é estranho que os apelos a um ciclo de austeridade venham de fora do governo, que parece apostado em fazer avançar um extenso programa de obras públicas durante a próxima década. Seria importante que agentes económicos e organizações da sociedade civil dramatizassem um debate público sobre o problema. Numa economia aberta como a nossa, o alcance efectivo do investimento em obras públicas na restante economia é, como se sabe, limitado. A larga maioria da maquinaria aplicada em construção tem origem no estrangeiro. Ainda que parte dos materiais aplicados sejam transformados em Portugal, o grosso das matérias de processamento industrial e acabamento corresponde a importação. A quase totalidade dos sistemas tecnológicos vem, igualmente, de fora. No caso dos sistemas digitais, redes e infra-estruturas mecânicas, em especial em equipamentos específicos como um Aeroporto ou um TGV, estamos quase exclusivamente na presença de produção externa. Resta o efeito no emprego, mas também esse ganho é de breve prazo e afecto ao ciclo da obra pública.

Levantam-se assim sérias dúvidas para com uma tal estratégia de investimento público, em especial no período de contracção financeira que vamos enfrentar nos próximos anos. Corremos o risco de estar a transformar investimento interno em consumo externo. Mas, mais do que isso, trata-se de questionar um modelo de desenvolvimento que, no caso português, se encontra repetidamente experimentado e comprovadamente ineficaz. Um modelo que revela uma tendência que nos parece ser particular: que nos é mais fácil investir em “hardware” - infra-estrutura pesada, rodovia, mega-equipamento - do que em “software” - o tecido fino da economia e da iniciativa privada, hoje assente em paradigmas de conhecimento, inovação e capacidade exportadora. Trata-se, afinal, de manter o tecido empresarial português refém de interesses sectoriais que não estão dispostos a abdicar das expectativas geradas por uma prática estatal de décadas. Grupos de influência com ligações próximas ao poder partidário, que se habituaram a viver do orçamento de Estado e cuja agenda compromete a competitividade da restante economia, confrontada com o reflexo da dívida pública sobre a carga fiscal. Uma dívida, neste caso, justificada em nome de um desígnio "estruturante" para o seu próprio desenvolvimento. Estranha ironia, ou, falando claramente, uma profunda má-fé que parece tutelar os destinos de todos.

Uma rotunda pirata: e esta, ein?



Aqui está uma história engraçada digna do Fernando Pessa. Já todos ouvimos falar em intervenções urbanas espontâneas como o “Guerrilla Gardening” e outras manifestações de activismo social. Desta vez, um grupo de munícipes lisboetas decidiu resolver as coisas pelas suas mãos e criar uma rotunda “pirata” num cruzamento perigoso.
De acordo com o blog Viver na Alta de Lisboa, este grupo de cidadãos fez repetidos apelos ao município requerendo uma solução segura para aquele cruzamento onde vários acidentes já tiveram lugar. Os seus pedidos ficaram sem resposta durante mais de um ano. Aparentemente, os decisores públicos estão indecisos quanto à implementação de uma rotunda ou de um sistema de sinalização luminosa. Cansados de esperar, decidiram instalar uma rotunda improvisada para regular o trânsito confluente de 18 vias de tráfego.
A coisa durou apenas dois dias. Desta feita o município foi célere em promover a remoção das estruturas ilegais. E assim a confusão parece estar de volta, deixando o público à espera da solução oficial. E esta, ein?

¶ English
The roundabout guerrilla
Here’s a funny story. We’ve all heard of spontaneous urban interventions before such as Guerrilla Gardening and other forms of social activism. This time, a group of proactive Lisbon residents decided to take matters into their own hands and create a “pirate” roundabout on a previously treacherous street intersection.
According to the Portuguese blog Viver na Alta de Lisboa, this group of citizens made insistent calls to the City Council requesting a safe solution for the intersection, where several accidents have already taken place. Their calls have been unanswered for more than a year. Apparently, city officials are undecided as to the implementation of a roundabout or a traffic light system. Tired of waiting, they decided to install an improvised roundabout to regulate the confluent 18 lanes of car traffic.
It only lasted for a couple of days, since this time the City Hall was swift in ordering the removal of the illegal structures. And so the confusion is back in place, leaving the public waiting for the official solution, whenever it comes.
The video above is in Portuguese but the pandemonium kind of speaks for itself.


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Álvaro Siza galardoado com Medalha de Ouro do RIBA


Image credits: Fernando Guerra, Paju, South Korea, September 2008.

Podia dizer-se que Álvaro Siza já recebeu quase todos os prémios de arquitectura conhecidos, incluindo o Prémio Pritzker em 1992, a Medalha Alvar Aalto em 1998 e o Wolf Prize in Arts em 2001. Siza foi agora galardoado com o mais prestigiado prémio de arquitectura britânico: a Royal Gold Medal for Architecture, entregue pelo Royal Institute of British Architects em nome da Rainha Isabel II.
Curiosamente, o mais celebrado arquitecto português nunca construiu um edifício permanente no Reino Unido, ressalvando o Pavilhão de Verão da Serpentine Gallery em 2005 projectado em colaboração com Eduardo Souto Moura e Cecil Balmond. As obras mais destacadas de Álvaro Siza incluem as famosas Piscinas de Leça da Palmeira, a Casa de Chá da Boa Nova e a Igreja de Santa Maria em Marco de Canavezes. Actualmente com 75 anos, Siza continua bastante activo. Entre os seus projectos mais recentes encontram-se a Adega Mayor, o Pavilhão de Anyang e o Complexo Desportivo Ribera Serralo (Piscinas Públicas) em Barcelona.
Podem visitar a biblioteca online Últimas SIZA para aceder a um vasto conjunto de projectos, com imagens de Fernando Guerra.

¶ English

Image credits: Fernando Guerra, Paju, South Korea, September 2008.

Álvaro Siza receives RIBA’s Royal Gold Medal
One could say that Álvaro Siza has won almost every architectural award known to man, including the Pritzker Prize in 1992, the Alvar Aalto Medal in 1998 and the Wolf Prize in Arts in 2001. Siza has now been awarded with the most distinguished British architecture prize: the Royal Gold Medal for Architecture by the Royal Institute of British Architects.
Interestingly enough, the most renowned Portuguese architect has never built a permanent structure in the UK aside from the Serpentine Gallery’s 2005 Summer Pavilion in London, which was designed in collaboration with Eduardo Souto de Moura and Cecil Balmond. Álvaro Siza’s most celebrated creations include the famous Swimming Pools at Leça da Palmeira, the Boa Nova Tea House and the Santa Maria Church at Marco de Canavezes. Currently at the age of 75, Siza remains incredibly active. Among his latest projects you can find works such as the Adega Mayor (Mayor Winery), the Anyang Pavilion and the Ribera Serralo Sports Complex (Swimming Pools) in Barcelona.
You can visit the web-based library Últimas SIZA for an extensive set of projects, courtesy of Fernando Guerra.


External references: Guardian: New wave hero Portuguese architect wins UK's most prestigious prize, Guardian: A Gold Medal for Siza? About time, The Architect’s Journal: Álvaro Siza scoops RIBA Royal Gold Medal.

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Ciclo de formação 3R - Reabilitar/Reutilizar/Reciclar

A Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos – OASRN vai dar início ao Ciclo 3R – Reabilitar, Reutilizar, Reciclar, com o objectivo de dinamizar o debate e a formação sobre a sustentabilidade na vertente da arquitectura, nomeadamente sobre os temas da Reabilitação de centros urbanos e edifícios, Eficiência energética no âmbito dos edifícios existentes, Uso racional, aproveitamento e reciclagem da água, Espaços exteriores em centros urbanos, Materiais e tecnologias eco-eficientes e Sistemas de certificação ambiental.
Os temas serão abordados através de:
Seminários – onde se apresentam conceitos, exemplos de boas práticas e linhas de orientação para a prática projectual;
Cursos Práticos e Workshops - acções de formação onde será feita a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos nos seminários;
Sessões Técnicas – desenvolvidas por Empresas para a apresentação de tecnologias e produtos existentes no mercado relacionados com cada tema.
Visitem o sítio web oficial para mais informações.

¶ Cartaz

Moving Cities: maquetas de Peter Zumthor na LX Factory




Images via Moving Cities.

O portal Moving Cities publicou uma bela galeria visual de maquetas de Peter Zumthor, presentemente em exibição na LX Factory no âmbito do Warm-Up Experimentadesign Lisboa 2009.
A exposição «Peter Zumthor: Edifícios e Projectos 1986/2007» foi produzida em associação com o centro de arte contemporânea Kunsthaus Bregenz e vai estar aberta até ao dia 2 de Novembro.

¶ English
Moving Cities: Peter Zumthor’s models at LX Factory
Moving Cities is showcasing an outstanding visual gallery of Peter Zumthor’s models, currently on display at LX Factory as part of the Experimentadesign Lisboa 2009 Warm-Up. The exhibition «Peter Zumthor: Buildings and Projects 1986/2007» is produced in association with Kunsthaus Bregenz and will be open until November 2nd.


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Interlúdio arquitectónico



É a hora do tetris urbano! Um belo vídeo animado de Bruno Barthas.

Via Digital Urban.